domingo, 4 de outubro de 2015

Eu sinto vida no meio das coisas bagunçadas,
e em cada resto jogado uma fração sua
te vejo entre  os soluços e lágrimas,
que no fim  se transformam em leveza.

 Te vejo em várias indecifráveis formas,
 que me fizeram entender que a busca pelo entendimento
 pode não deixar ser o que se é.
 e eu gosto de te ver a sua maneira
 aprecio as suas cores, a sua liberdade. Me encanta.



 No fim das contas, se é que existem contas
 É questão de deixar ser o que se é
 E tentar observar, com os olhos excessivamente lacrimejantes:
 O quão lindo foi isso tudo que construímos.









segunda-feira, 7 de setembro de 2015

Escritos Mansos


Caminhando lá longe eu percebi
no simples escrever de uma palavra:
fluir.
não é preciso se engrossar, nem franzir a testa para sorrir.
tudo está fluindo a todo instante
E a velocidade é linda! Oh, tão linda!


olha o quão frígido ficou este caldo grosso que criamos
está tudo tão sólido, estático e imóvel.
e barulho dos automóveis já perfurou tanto o teu ouvido
(..)
mas parece que algo queria sair e seguir na leveza dos oceanos
flutuar com as nuvens e viajar todo o atlântico de céu nublado,
Com o olhar desesperado se desmanchando no ar.
Seguiu em liberdade...



De um andarilho que pensou em ficar pelo fundo do mar gelado.


sexta-feira, 4 de setembro de 2015

Sofrimento, não me fale sobre isso
E os problemas em mim são do tamanho do mundo
E o meu ego não permite te ouvir
Eu não quero
Não quero!
(2x)



A dor que sufoca, a dor que aprisiona
Tire essa máscara de humano, eu não aguento mais
Você já se destruiu e sente isso
E o que sobrou além de pulsos cortados?
E o que sobrou além de pulsos cortados?



(Parte Falada)
E é dessa forma que tudo se expande
pequenos sofredores que não compartilham dores.
Um dia essa dor pode tornar-se o mundo
e a humanidade, como imaginou
se transformar em restos no vento
E se aniquilar por completo.

E assim bebeu o restinho do veneno
vou primeiro então,
numa tentativa de fugir dessa prisão
prisão que não me deixa  respirar,
ao menos respirar.



Sofrimento, não me fale sobre isso
E os problemas em mim são do tamanho do mundo
E o meu ego não permite te ouvir
Eu não quero
Não quero!
(2x)

domingo, 16 de agosto de 2015

Rosto congelado

  Já é a centésima vez que você acorda e se olha no espelho com uma expressão que você não conhece. Sabe o quanto dói se olhar e não se conhecer? Cadê aquelas perguntas que hoje já não se tem resposta nenhuma. (O que eu quero? O que eu estou fazendo? Minha vivência tem algum rumo?). Onde estas perguntas foram parar? Bom, você pode brincar com o fato de fazer uma dessas perguntas só pra sentir a angústia subindo e cortando tudo. E a paranoia . Você pode brincar de sentir medo, e eu sei que você sabe fazer isso. Como ninguém.
   
     Como ninguém você consegue demonizar os seus medos, destruir toda e qualquer estrutura a sua frente, gerar ambientes que te assustam e te fazem pensar que não há mais volta. Independente da questão, se é uma questão social, se é uma questão do indivíduo  ou se é uma questão que na verdade não existe. Pode ser apenas um fruto da sua mente, você vai denegrir, você irá enxergar de forma negativa. Quando tudo é negativo dentro do mundo que você mesmo criou, mas agora a melancolia flui com uma doçura que é impossível de explicar. Eu nunca tinha experimentado algo tão doce. Mesmo falando sobre a minha tristeza, eu gosto quando ela é doce. Eu gosto quando não é fruto do medo, eu gosto quando ela é lenta e processual. Eu não gosto quando ela me assusta, eu gosto quando ela toca lugares frágeis. Eu não gosto quando ela é um excesso de ódio. Eu gosto quando ela é apenas uma dor isolada e leve. Gritando baixinho no meu ouvido.


E o vidro do espelho

E as ruas do centro a noite

Aqueles que dormem na rua gelada

Aqueles que congelam seus rostos paralisados em vistas intermináveis


E o vidro do espelho

E as ruas do centro pela manhã, juntamente com o coletivo veloz

O barulho dos carros e a máquina do trabalho operacional sobre a sua cabeça

Mas voltando as ruas do centro a noite, onde o barulho se esconde

Onde a dor se sente livre para fluir, voar, seguir como um rio.

Eu penso que todas as pessoas escondem uma dor muito grande por trás dos rostos programáveis. Por trás dos rostos fictícios. Uma dor que iria fazer a cidade entrar em tempestade permanente. E o espelho que não para de refletir um rosto desconhecido num ambiente em que não há mais saídas.

E o vidro do espelho

E as ruas do centro a noite...




A morte gelada. O seu corpo gelado. A sua vida gelada.

A sua mente devorada.


E as ruas do centro a noite...

terça-feira, 7 de julho de 2015

A força do movimento

       Sabe de uma coisa? tô indo embora, mas volto daqui há um tempo. Estou mudando os lugares em mim, estou indo embora dessa mesmice, a viagem é interna. Quero transformar o cenário, transformar o cheiro, transformar os sabores, mesmo que seja dentro da mesma casa. Mesmo que seja dentro do mesmo lugar em que vivi há anos com o pensamento congelado em minha paranoia. Quero fluir, quero sentir o mundo fluindo ao meu redor como ele realmente faz. Preciso movimentar tudo. E se for pra viajar, 3,4 passagens, eu viajo. O movimento dos aeroportos, os lugares diferentes, todas as visões diferentes e muitas vezes superficiais podem terminar rasgando aqueles pensamentos congelados em mim e trazer benefícios.
          Porra brother, eu acho que o mundo é uma mistura tão grande de sensações para nos fixarmos em vistas racionais. Vistas racionais e bem calculadas o tempo inteiro. Uma rotina organizada e estável. Tão estável ao ponto de explodirmos e não sabermos reagir quando algo foge á regra. E porque continuamos felizes nesses momentos que são quase estáticos? EU NÃO QUERO ESTÁTICA! A minha cabeça é muito fluida pra querer estática. Sinto que os meus pensamentos transbordam em mim, depois voam pra um lugar bem distante, depois voltam. E eles estão pairando toda hora, sempre é o movimento. Não precisa ser físico, a minha mente é um grande movimento que eu não consigo explicá-lo, pois é extremamente desordenado. E é maravilhoso. É lindo
           O avião começa a decolar e eu me sinto como uma criança que viaja pela primeira vez, morrendo de medo e ao mesmo tempo encantado com a observação. E não importa quantas vezes eu viaje, sentirei isso. E depois de tudo isso aquele alívio quando o avião se estabiliza e as nuvens formam uma região que me dá uma puta de uma vontade de pular da janela do avião e ficar por lá. Pra sempre. Mas o pra sempre corta o movimento e gera estabilidade novamente.






           Agora a aeronave desceu e eu não tenho destinos prontos, pessoas me esperando, passagens e visitas programadas. A estabilidade me enoja desta vez. Vou trilhar, andar, traçar um caminho. E olha as coisas, as pessoas desta avenida enorme falando no celular, juntamente com os carros em buzinas frenéticas, os olhares desconfiados, o andar rápido. E eu não me perco, não me sinto distante e isolado em meio a tudo isso. Me cansa também de demonizar a cidade o tempo inteiro. Eu enxergo, naquelas instâncias, eu enxergo a vida em seu encanto: O movimento. Tudo está se movendo mesmo que desordenadamente, as coisas se movem. Mesmo que estejam se movimentando sem uma realização plena, elas se movem. Quebre a sua prisão, mesmo que esteja dentro dela. Faça ela se mover, mesmo que não saiba no que vai dar. Mano, é isso,  grite com suas estruturas e fuja da estabilidade já que você reclama tanto dela. Eu quero continuar sendo instável, eu quero continuar amando hoje e amanhã não. Eu quero continuar louco hoje e amanhã extremamente encantado com o mundo. Eu quero continuar sentindo um medo absurdo e depois, um grande encanto. E eu acredito que sejam peças de um quebra cabeça enorme que nunca será montado. Mas que ao mesmo tempo  são maravilhosas e geram caminhos únicos. Todas as coisas são únicas, a forma com que você abre a porta da sua casa é única. Passe a reparar nisso.

            E assim tudo se acaba, tudo se expande, toda a mente se alarga. O movimento continua, em força, até o momento em que a desordem e o caos engole tudo. Começamos a nos cegar sem saber contra o que estamos lutando, a morte vai se aproximando, aquilo que era maravilhoso começa a ficar cansativo. A vida vai nos derrotando naturalmente, até o momento em que continuamos a nos movimentar em prol dela, mas já não é tão fácil. Eu tenho sessenta anos e não quero mais estar dentro de um hospital, queria voltar com todo aquela dinâmica  que passei em toda a minha vida.  É ruim, engasgado, horroroso e horrível de pensar nisso, Mas vivemos em movimento, como se nunca fossemos morrer. É inegável, isso irá acontecer de uma hora pra outra. E sempre me parece que acontece nas horas em que estávamos muito distante do nosso envelhecimento para pensarmos nele. Ele apenas chega e as coisas se destroem. Apesar de isso me entristecer, eu continuo pensando que foi mais emocionante e vibrante do que ter tido uma vida estável.

A força do movimento é louca e o mundo é extremamente instável.

E eu amo a instabilidade.

segunda-feira, 12 de janeiro de 2015

A noite

Cinzas de uma tarde
seus restos de nuvens se escondem, se transformam...
se transformam em escuridão
a noite cai para transformar as pessoas

a noite que cai com os pensamentos
a noite que retira o brilho ilusório da luz do dia e da rotina
a noite que mostra o que há de verdadeiro ai dentro
silêncio, medo e desconfiança...
são apenas frações humanas que a noite revela
o barulho do mar se transforma em paranoia
uma pessoa na rua se transforma em perigo

Mas o silêncio noturno  me encanta
me encanta e me põe no jogo e nas festas (contradição?)
no jogo da paranoia
nas festas da solidão
- ei amigo, pode ir. Me deixa aqui, eu quero ficar preso na minha paranoia.
- Farei isso só até o término da minha vida, logo terei tempo pra você. (Tempo?)

Os bares tentam fazê-los esquecer
O shopping  cria ambientes fechados de proteção
Mas...
só o silêncio da rua é verdadeiro
Entregar-se ao desconhecido...


E assim continuou caminhando, sabendo que ninguém seguiria os teus passos. Nem o ser humano mais cruel e perigoso. Este também não gosta de sofrer. Mas ele gostava, e caminhava sem procurar saber de outra coisa além da dor. Dessa forma a noite se espelhava no teu rosto, naquele rosto fino e sem expressão. Todo o ambiente em que a sua paranoia deixava de se esconder, as suas dores gritavam e o medo de si mesmo dominava. Ele se entregou a tudo isso e passou a viver pela noite. Passou a escolher a solidão das ruas. A neblina que ofusca a visão.

E passou anos caminhando
E passou décadas sofrendo
E descobriu que toda sua existência foi pautada no sofrimento.
Por isso não escolheu se entregar a morte
Pois a morte iria apagar aquilo que mais o viciou: O sofrimento.
Por isso escolheu continuar vivendo (sofrendo)

E a noite cai
E ele corre para alimentar o seu vício
O vício de sofrer e ser só.

Mas que Vício estranho né?




quinta-feira, 19 de junho de 2014

Suffering

Sofrimento, não me fale sobre isso
já tenho vários problemas,
o seu não me interessa.
Mas espero que você melhore,
espero que você melhore.

Assim a cidade se expande,
pequenos sofredores que não compartilham dores.
Um dia essa dor pode tornar-se o mundo
e a humanidade, como imaginou
se transformar em poeira no vento,
poeira no vento.

E assim bebeu o restinho do veneno
vou primeiro então,
numa tentativa de fugir dessa prisão
prisão que não me deixa  respirar,
ao menos respirar.

terça-feira, 6 de janeiro de 2015

o imaginário mundo de quem nunca esteve aqui.

Antes de tudo, me definam o que é imagem?

   Imagem é a transformação nítida de um evento ocorrido para uma cena no plano, ou melhor, num quadro. É o congelamento de uma situação. Por exemplo, você está andando em uma rua movimentada e quando você chega em casa e senta para tomar o seu café, você eventualmente se lembra daquela rua. A sua lembrança, contudo, não terá talvez a percepção das 3 dimensões que você tinha quando estava efetivamente no momento e também será algo figurativo, será uma foto. Será uma imagem.  Um outro fator seria que na tua própria memória que você visualiza aquela imagem, você decodifica situações e se prende a certos elementos que são considerados mais fortes. Um carro bonito, por exemplo, que você tenha reparado. Se é que você é um ser que se apega a beleza dos carros. Logo, chega-se a conclusão de que o conceito de imagem está relacionado com as decodificações de cada um sobre aquilo que eles presenciaram. Logo, entram os juízos de valor e o lado subjetivo das pessoas para concretizar o que significa imagem. 
    O que me deixa intrigado, antes de tudo, é que nós temos várias imagens nítidas na nossa memória. Quando imaginamos um shopping próximo ao lugar em que moramos, automaticamente transformamos ele em um cenário congelado, ignorando que ele está constantemente em movimento e recebendo um fluxo constante de pessoas. Quando imaginamos uma praia, também congelamos e frisamos em elemento que gostamos. Mas dificilmente paramos pra pensar no seguinte. O que aquela imagem pode nos trazer de relação com a forma que o mundo se manifesta?  O quanto podemos deglutir da manifestação natural do nosso planeta nas imagens que temos em nossa memória? Será que aquilo que existe em nossa memória reflete, EXATAMENTE, a realidade ao nosso redor? Será que vemos o mundo do jeito que ele é, ou do jeito que nos enxergamos dentro dele? 
      Aqui fica a minha reflexão e o meu pedido para bons observadores.  Próxima vez que estiverem vivendo suas vidas normais, ao se depararem com algo que você gosta, que com certeza irá se concretizar como uma memória em você depois, tente questionar o que aquilo te revela do mundo, das pessoas se a sua imagem envolver pessoas. O que aquilo mostra pra você. Na hora de tirar uma "selfie" tente se questionar sobre o que aquela imagem, o que aquela foto revela ou demonstra de algum significado na sua vida e no mundo. Tente ampliar seus horizontes para que a sua imaginação não seja uma cena fixa e que você passe a não viver de cenas. Estamos inseridos em um mundo em que todos vivemos de cena. A imagem congelada da praia, a imagem congelada da cerveja com os amigos, a imagem congelada do futebol. E essas imagens obtiveram mais valor do que a realidade. Para concluir o pensamento. A realidade é o reflexo das imagens que temos em nossa memória e não mais as imagens que temos em nossa memória são reflexo da realidade muito maior que existe por trás delas, se pararmos para examiná-las. 

sexta-feira, 2 de janeiro de 2015

O mundo é calmo
O leve toque do vento no rosto
A leveza  do oceano com as suas ondas
Tudo sempre teve o mesmo ritmo, sereno.

O voo dos  pássaros,  a harmonia entre as espécies
A tranquilidade na vida nos diz muito
Sobre a tranquilidade, sobre a serenidade
Deste mundo azul e puro.

Uma passada, uma pegada
Uma caça, uma corrida
Uma estrada de ferro, a criação da roda
O barulho de um trem em alta velocidade
A corrida dos automóveis, a produção bélica
Uma relação de domínio, um trabalho escravo
Gritos de dores, gritos de guerra
O barulho das bombas
O desespero dos que estão morrendo
A tecnologia, as disputas políticas

O mundo tem respiração ofegante
De quem suspira e não aguenta mais
De quem nunca quis enxergar  a artificialidade humana
De quem nunca esperou a destruição do seu ritmo natural
O mundo somos nós, que temos o reconhecimento dele
Nós suspiramos, não somente as espécies
Nós queremos sair desse vídeo que não nos pertence
Desse consumo que nos foi criado e imposto
Dessas guerras e balanços que apenas favorecem lados
O mundo não é mais calmo
Os conflitos chegaram para nos mostrar o único caminho que criamos


A destruição.