Cinzas de uma tarde
seus restos de nuvens se escondem, se transformam...
se transformam em escuridão
a noite cai para transformar as pessoas
a noite que cai com os pensamentos
a noite que retira o brilho ilusório da luz do dia e da rotina
a noite que mostra o que há de verdadeiro ai dentro
silêncio, medo e desconfiança...
são apenas frações humanas que a noite revela
o barulho do mar se transforma em paranoia
uma pessoa na rua se transforma em perigo
Mas o silêncio noturno me encanta
me encanta e me põe no jogo e nas festas (contradição?)
no jogo da paranoia
nas festas da solidão
- ei amigo, pode ir. Me deixa aqui, eu quero ficar preso na minha paranoia.
- Farei isso só até o término da minha vida, logo terei tempo pra você. (Tempo?)
Os bares tentam fazê-los esquecer
O shopping cria ambientes fechados de proteção
Mas...
só o silêncio da rua é verdadeiro
Entregar-se ao desconhecido...
E assim continuou caminhando, sabendo que ninguém seguiria os teus passos. Nem o ser humano mais cruel e perigoso. Este também não gosta de sofrer. Mas ele gostava, e caminhava sem procurar saber de outra coisa além da dor. Dessa forma a noite se espelhava no teu rosto, naquele rosto fino e sem expressão. Todo o ambiente em que a sua paranoia deixava de se esconder, as suas dores gritavam e o medo de si mesmo dominava. Ele se entregou a tudo isso e passou a viver pela noite. Passou a escolher a solidão das ruas. A neblina que ofusca a visão.
E passou anos caminhando
E passou décadas sofrendo
E descobriu que toda sua existência foi pautada no sofrimento.
Por isso não escolheu se entregar a morte
Pois a morte iria apagar aquilo que mais o viciou: O sofrimento.
Por isso escolheu continuar vivendo (sofrendo)
E a noite cai
E ele corre para alimentar o seu vício
O vício de sofrer e ser só.
Mas que Vício estranho né?

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