terça-feira, 7 de julho de 2015

A força do movimento

       Sabe de uma coisa? tô indo embora, mas volto daqui há um tempo. Estou mudando os lugares em mim, estou indo embora dessa mesmice, a viagem é interna. Quero transformar o cenário, transformar o cheiro, transformar os sabores, mesmo que seja dentro da mesma casa. Mesmo que seja dentro do mesmo lugar em que vivi há anos com o pensamento congelado em minha paranoia. Quero fluir, quero sentir o mundo fluindo ao meu redor como ele realmente faz. Preciso movimentar tudo. E se for pra viajar, 3,4 passagens, eu viajo. O movimento dos aeroportos, os lugares diferentes, todas as visões diferentes e muitas vezes superficiais podem terminar rasgando aqueles pensamentos congelados em mim e trazer benefícios.
          Porra brother, eu acho que o mundo é uma mistura tão grande de sensações para nos fixarmos em vistas racionais. Vistas racionais e bem calculadas o tempo inteiro. Uma rotina organizada e estável. Tão estável ao ponto de explodirmos e não sabermos reagir quando algo foge á regra. E porque continuamos felizes nesses momentos que são quase estáticos? EU NÃO QUERO ESTÁTICA! A minha cabeça é muito fluida pra querer estática. Sinto que os meus pensamentos transbordam em mim, depois voam pra um lugar bem distante, depois voltam. E eles estão pairando toda hora, sempre é o movimento. Não precisa ser físico, a minha mente é um grande movimento que eu não consigo explicá-lo, pois é extremamente desordenado. E é maravilhoso. É lindo
           O avião começa a decolar e eu me sinto como uma criança que viaja pela primeira vez, morrendo de medo e ao mesmo tempo encantado com a observação. E não importa quantas vezes eu viaje, sentirei isso. E depois de tudo isso aquele alívio quando o avião se estabiliza e as nuvens formam uma região que me dá uma puta de uma vontade de pular da janela do avião e ficar por lá. Pra sempre. Mas o pra sempre corta o movimento e gera estabilidade novamente.






           Agora a aeronave desceu e eu não tenho destinos prontos, pessoas me esperando, passagens e visitas programadas. A estabilidade me enoja desta vez. Vou trilhar, andar, traçar um caminho. E olha as coisas, as pessoas desta avenida enorme falando no celular, juntamente com os carros em buzinas frenéticas, os olhares desconfiados, o andar rápido. E eu não me perco, não me sinto distante e isolado em meio a tudo isso. Me cansa também de demonizar a cidade o tempo inteiro. Eu enxergo, naquelas instâncias, eu enxergo a vida em seu encanto: O movimento. Tudo está se movendo mesmo que desordenadamente, as coisas se movem. Mesmo que estejam se movimentando sem uma realização plena, elas se movem. Quebre a sua prisão, mesmo que esteja dentro dela. Faça ela se mover, mesmo que não saiba no que vai dar. Mano, é isso,  grite com suas estruturas e fuja da estabilidade já que você reclama tanto dela. Eu quero continuar sendo instável, eu quero continuar amando hoje e amanhã não. Eu quero continuar louco hoje e amanhã extremamente encantado com o mundo. Eu quero continuar sentindo um medo absurdo e depois, um grande encanto. E eu acredito que sejam peças de um quebra cabeça enorme que nunca será montado. Mas que ao mesmo tempo  são maravilhosas e geram caminhos únicos. Todas as coisas são únicas, a forma com que você abre a porta da sua casa é única. Passe a reparar nisso.

            E assim tudo se acaba, tudo se expande, toda a mente se alarga. O movimento continua, em força, até o momento em que a desordem e o caos engole tudo. Começamos a nos cegar sem saber contra o que estamos lutando, a morte vai se aproximando, aquilo que era maravilhoso começa a ficar cansativo. A vida vai nos derrotando naturalmente, até o momento em que continuamos a nos movimentar em prol dela, mas já não é tão fácil. Eu tenho sessenta anos e não quero mais estar dentro de um hospital, queria voltar com todo aquela dinâmica  que passei em toda a minha vida.  É ruim, engasgado, horroroso e horrível de pensar nisso, Mas vivemos em movimento, como se nunca fossemos morrer. É inegável, isso irá acontecer de uma hora pra outra. E sempre me parece que acontece nas horas em que estávamos muito distante do nosso envelhecimento para pensarmos nele. Ele apenas chega e as coisas se destroem. Apesar de isso me entristecer, eu continuo pensando que foi mais emocionante e vibrante do que ter tido uma vida estável.

A força do movimento é louca e o mundo é extremamente instável.

E eu amo a instabilidade.

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