sábado, 6 de dezembro de 2014

O café está amargo / 7 de dezembro.

 A amargura do café penetra na alma. Algo difícil de engolir, sufocante. Sente uma agonia na garganta. São 3 da manhã. amanhã é o  meu aniversário, mas parece que nada mudou. Nenhuma alegria veio do nada, como o mundo deixa transparecer. Nada vem do nada.

-Mas onde será que estão aqueles vermes que destruíam  meu cérebro agora a pouco? Perguntou.

   A análise mais detalhada dessa pergunta pode ter uma conotação desesperadora. Talvez já não sente a própria mente, já não percebe as conexões e os raciocínios. Está assistindo a lógica ir embora lenta e vagarosamente. O medo domina com todas as suas forças. A pressão me parece ser apenas um céu nublado, onde é difícil  enxergar a pureza, mas também não se revolta ao ponto de  descarregar a nebulosidade em trovoadas e tempestades. Assim, apenas nublado. Estático, imóvel, angustiante. Engraçado que eu falei apenas.

  Talvez o café amargo consiga simbolizar toda a angústia em meio a essa imobilidade causada pela nebulosidade. Mas será possível ser um espectador de um filme que é meu sem esboçar alguma reação? Vamos lá amigo, grita. Faz com que a sua voz e o seu discurso cause um desequilíbrio na rígida corda que sustenta as relações sociais. Seja o susto, seja aquilo que ninguém deseja ver. Quando você parar para uma possível segunda análise, vai perceber que você se alimenta de toda essa pressão, de todo o cinza do céu.

- E como anda a respiração? Perguntou a si mesmo.
- COMO ANDA O QUE?  A RESPIRAÇÃO? rebateu a si mesmo, desta vez ofegante.
-Respiração, nada bem....

E com o envelhecimento dos aniversários vai morrendo. Morrendo em um céu cinza, sem enxergar a luz. Morrendo dentro de si, morrendo para os outros. Morrendo de todas as formas.

Quando será que isso vai acabar? Quando será que eu vou poder jogar essa tristeza no espaço? Nunca.  A vida continua a triturar os sonhos, reduzir os pensamentos e as ilusões. A vida continua com a sua bela conversa funcional e imaginária sobre segurança e dinheiro. Ela faz com que a gente esqueça que é tudo aleatório, pois a raiz do mundo já é aleatória. Nada se solidifica, nada é concreto. Tudo flui.


Menos essa tristeza.
Menos ela. Ela não vai emobra


Na verdade nunca foi, sempre esteve aqui
Mas eu tô falando do que mesmo? Ah, da tristeza
Ela não vai embora? Eu não deveria escrever para mandá-la ao infinito?
Mas ela volta mais forte, mais degradante. O que eu faço? Não sei bem
sufoco, sufoco, sufoco

E assim se entrega aos vermes. Lindos vermes.
É o processo natural da vida

A morte interna vem primeiro, depois é só uma questão de reparo e conclusão.

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