O encontro:
Chave, porta, botão, controle, é mais um dia. Passa como um vulto, inexpressível, imperceptível mas de certa forma, veloz. Esse é o dia da sua rotina. Posters e restos de lixo em um apartamento vazio que já mora há alguns anos e nunca se sentiu em um lar, o seu lar sempre foi o movimento. Você também sabe que a cidade é cinza e que o dia provavelmente estará nublado. Mas isso não é ruim, pois a noite é fresca e as vezes a lua aparece por entre os prédios: A sua relação com a cidade mudou, já não precisa mais se envolver com as pessoas, agora é um ser humano afastado e isolado, apenas precisa vestir uma pequena máscara para se adaptar a rotina de trabalho. O anonimato te protege, não é necessário mostrar a sua loucura ou insensatez. E quer saber? Ainda tem a noite inteira para experimentar seu infinito melancólico: O surto paranoico como uma proteção da mente contra a melancolia faz com que perca o sono. Agora os seus olhos já esboçaram uma expressão de sangue derramado, pingando pelo chão.
As vezes gosta de andar descalço pelas ruas, para sentir o sabor do seu corpo gelado. O gelado é forte, agride, atormenta e deixa um caos interno. Você nunca sentiria nada ao ver uma pessoa aquecida, esbanjando fogo e alegria pelos cantos, você reconhece muito bem o sentimento dentro de si, como um livro aberto que se libertou da felicidade. O encontro com você não é nada mais nada menos do que uma troca de olhares, sem contato físico. Nenhum contato físico, por favor. O encontro não é mais uma arte para você, mas mesmo assim querem apertar a sua mão. Mal sabem eles que a sua insensibilidade é uma forma de sensibilidade e que as concepções são apenas pensamentos congelados.
sábado, 3 de dezembro de 2016
sábado, 9 de julho de 2016
A estática e o desespero.
Estático: Sem movimento, paralisado, imóvel, em equilíbrio. Recusar o movimento, recursar o desequilíbrio, recusar as linhas tortas, recusar o que é inevitável. Criando a ilusão de estabilidade, família, filhos, repetição. Todos os dias, família, filhos, repetição. Todas as horas, família, filhos, repetição. Todos os instantes: Família, desespero, brigas, filhos incontroláveis, xingamentos, brigas, gritos, desespero. O que se mostra: Atenuação, calmaria, felicidade, casamento e união. O que se pensa: Momentos felizes, únicos, pessoas raras e especiais. Para mim não existe.
Eu sou como você. Eu sou o reflexo de você e de todos. Eu falo as suas palavras e as palavras de todos. Eu sou o mundo e o mundo também me tem. Eu sou um ponto no caos urbano, mas o caos urbano é o que me descreve.
Sigo em solidão, sigo em isolamento, sigo em angústia. Recusando qualquer ideário falso de felicidade, estabilidade,.Por isso sigo em aversão a repetição. Parei pra perceber que a angústia está em mim, corre no meu sangue. Trabalho ela, sinuosamente, saboreando os seus detalhes. Parado nas ruas, dopado pelo movimento caótico, sinto a cidade fragmentada em pedaços. O meu amor é a angústia.
Os meus olhos são um rio em curso. Preferem observar o fluxo, o andamento, o ir e vir. Deixo a angústia me dominar, prefiro me abater. Meus olhos seguem os seus olhos de dores, meus olhos seguem os olhos de todos de dores. Meus olhos seguem os olhos angustiados. Minha visão aponta para aparências frágeis e aceleradas. Não tenho olhos para o estático, para o arrumado, para aquilo que demonstra fortaleza. Não tenho olhos para o que aparenta felicidade, meus olhos apontam para o escárnio. Meus olhos são o reflexo das intermináveis mudanças. Hoje é uma, amanhã é outra. Nada se repete, tudo em pequenas frações se modifica. Reparo na mudança.
Desespero: Tormento, perturbação e transtorno. Perco as minhas esperanças no objetivo estático, no ideário de vida repetida, no ideário de vida demonstrada em todos os cantos da sociedade. Tento olhar para os poucos (muitos) que sentem o movimento. Eu vejo angústia em todos, mas isso dentro de uma capa forte e mentirosa de felicidade. Eu recuso. E assim são os meus passos: Caminhando de pressa, acumulando objetivos, engolindo o mundo. Percepção de que tudo que faço é pouco:
Sendo engolido pelo mundo.
Eu sou como você. Eu sou o reflexo de você e de todos. Eu falo as suas palavras e as palavras de todos. Eu sou o mundo e o mundo também me tem. Eu sou um ponto no caos urbano, mas o caos urbano é o que me descreve.
Sigo em solidão, sigo em isolamento, sigo em angústia. Recusando qualquer ideário falso de felicidade, estabilidade,.Por isso sigo em aversão a repetição. Parei pra perceber que a angústia está em mim, corre no meu sangue. Trabalho ela, sinuosamente, saboreando os seus detalhes. Parado nas ruas, dopado pelo movimento caótico, sinto a cidade fragmentada em pedaços. O meu amor é a angústia.
Os meus olhos são um rio em curso. Preferem observar o fluxo, o andamento, o ir e vir. Deixo a angústia me dominar, prefiro me abater. Meus olhos seguem os seus olhos de dores, meus olhos seguem os olhos de todos de dores. Meus olhos seguem os olhos angustiados. Minha visão aponta para aparências frágeis e aceleradas. Não tenho olhos para o estático, para o arrumado, para aquilo que demonstra fortaleza. Não tenho olhos para o que aparenta felicidade, meus olhos apontam para o escárnio. Meus olhos são o reflexo das intermináveis mudanças. Hoje é uma, amanhã é outra. Nada se repete, tudo em pequenas frações se modifica. Reparo na mudança.
Desespero: Tormento, perturbação e transtorno. Perco as minhas esperanças no objetivo estático, no ideário de vida repetida, no ideário de vida demonstrada em todos os cantos da sociedade. Tento olhar para os poucos (muitos) que sentem o movimento. Eu vejo angústia em todos, mas isso dentro de uma capa forte e mentirosa de felicidade. Eu recuso. E assim são os meus passos: Caminhando de pressa, acumulando objetivos, engolindo o mundo. Percepção de que tudo que faço é pouco:
Sendo engolido pelo mundo.
quinta-feira, 19 de maio de 2016
Uma nota sobre a vida
Cada um de nós é uma estrela que brilha com luz própria
Algumas mais intensas e exageradas, explodindo em todos os cantos
Outras só estão alí, com um brilho leve e calmo
Algumas que estão quase apagando e se encontram isoladas numa vasta escuridão
Porém eu não me esqueço,
Cada estrela tem o seu brilho
Se pudéssemos reconhecer o brilho nos outros
Se pudéssemos não olhar para a nossa luz, tão forte que quase nos cega
Mas não podemos.
Porém este brilho é finito, tem duração curta
e o suicídio, ah o suicídio
transformar o brilho em rastro,
rastro congelado na história
que por mais que muitos ou que ninguém olhe,
são os rastros de uma vida, que um dia já brilhou.
E brilhou leve,
E brilhou muito!
Algumas mais intensas e exageradas, explodindo em todos os cantos
Outras só estão alí, com um brilho leve e calmo
Algumas que estão quase apagando e se encontram isoladas numa vasta escuridão
Porém eu não me esqueço,
Cada estrela tem o seu brilho
Se pudéssemos reconhecer o brilho nos outros
Se pudéssemos não olhar para a nossa luz, tão forte que quase nos cega
Mas não podemos.
Porém este brilho é finito, tem duração curta
e o suicídio, ah o suicídio
transformar o brilho em rastro,
rastro congelado na história
que por mais que muitos ou que ninguém olhe,
são os rastros de uma vida, que um dia já brilhou.
E brilhou leve,
E brilhou muito!
Assinar:
Comentários (Atom)